Introdução
Na busca incessante por respostas às questões fundamentais da existência e do universo, o argumento cosmológico de contingência emerge como uma abordagem intrigante que sustenta a existência de Deus como a causa primordial de tudo o que conhecemos. Neste artigo, exploraremos os detalhes desse argumento poderoso e como ele desafia as nossas concepções sobre o início do universo.
O Fundamento do Argumento Cosmológico de Contingência
O argumento cosmológico de contingência baseia-se na premissa de que tudo o que existe no universo é contingente, ou seja, sua existência depende de algo mais para ser explicada. Em outras palavras, nada no universo é autoexplicativo; cada elemento, cada fenômeno tem uma causa ou razão subjacente para sua existência. Portanto, para explicar a existência de tudo o que conhecemos, deve haver uma causa primordial que seja necessária em si mesma, que não dependa de nada mais para existir.
A Cadeia de Causas e o Primeiro Causador
Para compreender melhor o argumento cosmológico de contingência, podemos imaginar uma cadeia de causas e efeitos que remonta ao passado infinito. No entanto, essa regressão infinita de causas não pode ser uma explicação satisfatória, pois levanta a questão de como algo poderia ter começado em primeiro lugar. Aqui é onde entra a figura do primeiro causador, um ser que é necessário por si mesmo, que não depende de nenhuma causa externa para existir.
Premissa 1: Tudo o que existe no universo é contingente.
Contingente significa que algo não é necessário em si mesmo, ou seja, poderia ou não existir. Por exemplo, nós, seres humanos, existimos, mas poderíamos não ter existido. Isso se aplica a tudo o que observamos no universo, desde estrelas até átomos.
Premissa 2: Se tudo fosse apenas contingente, então em algum momento nada existiria.
Isso decorre da natureza contingente das coisas. Se nada é necessário, então em algum momento tudo poderia deixar de existir, pois não há nada para garantir a sua existência contínua.
Premissa 3: Mas algo existe agora.
Estamos aqui para observar o universo em existência neste momento. Isso significa que algo deve existir necessariamente para evitar o cenário onde nada existiria.
Conclusão 1: Deve existir algo necessário.
Dado que algo existe agora, e se apenas coisas contingentes existissem, então a conclusão lógica é que algo necessário também deve existir para garantir que algo esteja aqui agora. Esse algo necessário é muitas vezes chamado de "necessidade metafísica" ou "ser necessário".
Premissa 4: O necessário deve encontrar sua explicação em si mesmo ou em algo externo.
O ser necessário, por sua própria definição, não pode depender de nada para sua existência. Ele não é contingente, portanto, não pode ser explicado por qualquer coisa contingente. A única opção é que ele encontre sua explicação em si mesmo (se for autoexplicativo) ou em algo externo (se for causado por algo além dele).
Conclusão 2: Deve existir um Ser Necessário que explique a existência de tudo mais.
Dado que algo necessário deve existir e não pode depender de algo contingente para sua explicação, conclui-se que deve haver um Ser Necessário que explique a existência de todas as coisas contingentes. Esse Ser Necessário é frequentemente identificado como Deus na argumentação teísta.
Deus como o Primeiro Causador Necessário
O argumento cosmológico de contingência leva-nos a considerar a existência de Deus como esse primeiro causador necessário. Deus, sendo um ser que existe por si mesmo, transcende as limitações das causas contingentes. Ele é a causa primordial que coloca em movimento todas as causas e efeitos dentro do universo. A noção de Deus como o primeiro causador necessita, portanto, oferece uma explicação elegante e profunda para a origem de tudo o que conhecemos.
Refutando Possíveis Objecções
Algumas objecções podem surgir ao considerar o argumento cosmológico de contingência. Alguns céticos podem questionar a validade de presumir a existência de um primeiro causador sem uma explicação mais profunda. No entanto, a própria natureza do argumento desafia essa necessidade, pois estamos lidando com uma causa necessária por si mesma, que não pode ser reduzida a causas anteriores. Além disso, a complexidade do universo e a ordem intrincada observada em suas leis e estruturas fornecem um terreno fértil para a existência de um planejador supremo.
Implicações Filosóficas e Espirituais
O argumento cosmológico de contingência transcende o escopo da ciência e adentra o reino da filosofia e da espiritualidade. Ele nos convida a questionar nossa compreensão do universo e nossa própria existência. Além disso, ele oferece uma base sólida para a crença em Deus, não apenas como uma entidade abstrata, mas como a força motriz por trás da criação e da ordem do cosmos.
Conclusão
Em suma, o argumento cosmológico de contingência é uma abordagem intelectualmente estimulante que busca sustentar a existência de Deus como o primeiro causador necessário de tudo o que conhecemos. Exploramos as bases desse argumento, sua relação com a cadeia de causas e efeitos, e como ele desafia objecções potenciais. Além disso, destacamos suas implicações filosóficas e espirituais, revelando como ele influencia nossa compreensão do universo e nosso lugar nele.
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